Arquétipos de Marca
- Micer Santos
- 3 de mar.
- 5 min de leitura
Atualizado: 7 de abr.

Se a sua marca fosse uma pessoa, quem ela seria? Um Criador visionário, que transforma mercados? Um Explorador destemido, movido pela descoberta? Ou talvez um Sábio, guiando seu público rumo a uma nova consciência?
Os arquétipos de marca é uma ferramenta poderosa para definir a essência do seu negócio, com o objetivo de fortalecer a identidade da marca e criar relações autênticas, alinhadas à sua cultura. Afinal, marcas fortes contam histórias e inspiram.
No coração de toda marca forte tem uma identidade clara, uma personalidade reconhecível e, acima de tudo, uma relação emocional poderosa com seu público. E é exatamente aqui que entram os arquétipos de marca – ferramenta estratégica que ajudam negócios a traduzirem sua essência em narrativas que geram identificação genuína.
O que são Arquétipos?
Muita gente associa os arquétipos a Carl Jung, mas a verdade é que a primeira versão dos arquétipos não consistia em uma lista fixa de doze categorias, como vemos hoje no branding. Na realidade, Jung introduziu os arquétipos como padrões universais de comportamento enraizados no inconsciente coletivo da humanidade. Ao longo de sua obra, ele identificou diversos arquétipos, sendo alguns dos mais importantes:
O Self – Representa a totalidade da psique, a busca pela individuação e integração dos opostos.
A Sombra – O lado reprimido da personalidade, onde residem nossos instintos mais primitivos.
A Persona – A máscara social que usamos para nos adaptar ao mundo.
O Anima/Animus – A parte feminina no homem (Anima) e a parte masculina na mulher (Animus), representando o inconsciente coletivo da psique oposta.
O Velho Sábio – O arquétipo do conhecimento e da orientação.
A Grande Mãe – Representa o arquétipo da nutrição e da proteção, mas também pode ter aspectos sombrios.
O Herói – Aquele que enfrenta desafios e busca crescimento através da superação.
O Trapaceiro (Trickster) – O arquétipo do caos, que desafia normas e provoca mudanças inesperadas.
De onde vêm os 12 arquétipos usados no branding?
A versão dos 12 arquétipos amplamente utilizada no marketing e branding foi popularizada por Margaret Mark e Carol S. Pearson, no livro The Hero and the Outlaw: Building Extraordinary Brands Through the Power of Archetypes (2001). Elas adaptaram os conceitos junguianos para o contexto das marcas, criando categorias mais aplicáveis ao mundo dos negócios.
Os 12 arquétipos do branding (como Herói, Mago, Rebelde, Cuidador, etc.) são uma simplificação estratégica dos arquétipos junguianos, ajustados para facilitar a criação de identidades de marca coerentes e diferenciadas.
E não há uma versão "melhor", apenas abordagens diferentes para contextos distintos.
Se o objetivo é análise psicológica e desenvolvimento pessoal, o modelo de Jung é mais profundo e essencial para entender a psique humana.
Se o objetivo é construção de marca e posicionamento estratégico, o modelo dos 12 arquétipos de Mark e Pearson é mais prático e aplicável pois facilita a criação de relações mais próxima com o público.
No contexto do branding, arquétipos são usados para dar coerência e autenticidade às marcas. Eles funcionam como um código de significados, ajudando a definir a voz, o tom e a identidade visual da marca, tornando-a mais relevante e memorável para seu público.
Os 12 Arquétipos: A Personalidade por Trás das Marcas Icônicas
Os 12 arquétipos principais funcionam como uma bússola estratégica para definir como sua marca se comporta e se comunica.

Governante (Líder) – Liderança e exclusividade. Marcas que representam poder e sofisticação como o Banco Itaú um dos maiores bancos do Brasil, com uma imagem de solidez, confiança e liderança no mercado financeiro. Outros exemplos: Rolex, Louis Vuitton, Mercedes-Benz.


Criador (Visionário) – Criatividade e originalidade. Marcas que incentivam a autoexpressão como a Adobe uma grande produtora de software para criação digital, incentivando a criatividade e possibilitando que designers, artistas e editores contem histórias que marcam gerações. Outros exemplos: Lego, YouTube, Apple.


Cuidador (Protetor) – Proteção e acolhimento. Marcas que transmitem segurança e bem-estar como a Natura conhecida por suas campanhas que promovem a autoestima e o bem-estar, defendendo causas sociais e incentivando o cuidado com o próximo. Outros exemplos: Dove, Unicef, Nestlé.


Explorador (Aventureiro) – Liberdade e descoberta. Marcas que inspiram aventura como a Nasa personificação da exploração e da busca pelo desconhecido, inspirando gerações a expandirem fronteiras e descobrirem novos mundos. Seu espírito aventureiro vai além da Terra. Outros exemplos: Patagonia, Airbnb, Land Rover.


Rebelde (Fora da Lei) – Ruptura e ousadia. Marcas que desafiam o status quo como a Harley-Davidson conhecida por sua comunicação irreverente e provocadora, quebrando padrões e questionando normas. Outros exemplos: Red Bull, Diesel.


Mago (Transformador) – Transformação e inovação. Marcas que tornam sonhos realidade como a Disney usa magia e tecnologia para criar experiências inesquecíveis, transportando as pessoas para universos fantásticos. Outros exemplos: Fenty Beauty, MAC Cosmetics, Sony.


Realista (Pessoa Comum) – Praticidade e acessibilidade. Marcas que simplificam a vida como a Magazine Luiza uma marca popular, que se comunica de forma simples e direta com seus clientes. Outros exemplos: McDonald’s, Coca Cola e Havaianas.


Bobo da Corte (Divertido) – Diversão e irreverência. Marcas que apostam no humor como Guaraná Antarctica conhecido por sua comunicação divertida e bem-humorada, que busca criar uma relação leve e descontraída com o público. Outros exemplos: Netflix, Skol e Bis.


Amante (Apaixonado) – Sensualidade, desejo e emoção. Marcas que criam experiências memoráveis como a Calvin Klein uma marca ousada e sensual, que desperta desejo e paixão em seus consumidores. Outros exemplos: Chanel, Dior e Victoria’s Secret.


Inocente (Sonhador) – Simplicidade, felicidade e otimismo. Marcas que prometem alegria e pureza como Kinder que reforça a inocência e a alegria da infância, proporcionando momentos de doçura e diversão. Outros exemplos: M&M's, Disneyland, Johnson&Johnson.


Sábio (Mentor) – Conhecimento e inteligência como diferencial. Marcas que ensinam e orientam como TED promove o conhecimento e a reflexão através de palestras inspiradoras que disseminam ideias inovadoras. Outros exemplos: IBM, Google e National Geographic.


Herói (Conquistador) – Superação e coragem. Marcas que incentivam desafios como o Banco Nubank que desafiou o status quo do mercado financeiro, oferecendo serviços inovadores e empoderando seus clientes. Outros exemplos: Nike, Adidas e Red Bull.

Arquétipos na Estratégia de Marca: Como Aplicar?
Ter um arquétipo definido não significa encaixotar sua marca em um molde fixo. Pelo contrário, significa ter clareza sobre como sua marca se comporta, se comunica e entrega valor de forma autêntica. Veja como aplicá-los na prática:
Conheça a Essência da sua Marca
Antes de qualquer decisão estratégica, entenda profundamente seu propósito, seus valores e sua visão de mundo. Sua marca está aqui para transformar? Para acolher? Para empoderar?
Mergulhe no seu Público
Quais são os desejos, dores e aspirações do seu público? Como sua marca pode ser relevante e criar conexões genuínas com ele?
Escolha o Arquétipo que Melhor Representa sua Marca
Ele deve ser um reflexo natural do seu propósito e do impacto que você quer gerar.
Traduza o Arquétipo para a Identidade da Marca
Isso envolve tom de voz, estilo de comunicação, identidade visual e storytelling. Um Rebelde se comunica diferente de um Cuidador, e um Mago não tem a mesma estética de um Realista.
Construa Narrativas Poderosas
A forma como sua marca conta sua história precisa reforçar seu arquétipo. O storytelling deve ser coerente, envolvente e alinhado ao universo simbólico do arquétipo escolhido. Conte com ajuda do Estúdio Micer Estamos aqui para ajudar você nesta e em outras etapas estratégicas da sua marca.
Reflexões

Micer Santos: Definir o arquétipo de uma marca não significa encaixá-la em um único perfil fixo, mas compreender quais características predominam na sua comunicação e posicionamento. Uma marca pode utilizar mais de um arquétipo ou até mesmo mudar ao longo do tempo, pois é um organismo vivo. O diferencial está em como ela adapta esse conceito para criar algo autêntico e relevante.
No final do dia, marcas são construídas através de relações. Quanto mais clara for a personalidade da sua marca, mais forte será seu impacto no mercado e na vida das pessoas.
Agora, me conta: qual arquétipo você acha que se parece mais com sua marca?
Direção: Micer Santos - Brand Designer
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