O Que é Design?
- Micer Santos
- 18 de dez. de 2024
- 8 min de leitura
Atualizado: 10 de fev.

Você já parou para pensar no que realmente significa "design"?
Apesar de frequentemente associado apenas à estética ou à beleza de um produto, o design vai muito além, sendo um processo criativo e estratégico que transforma ideias em soluções para necessidades humanas.
Como mostram autores como Vilém Flusser, filósofo e teórico da comunicação que explorou a relação entre tecnologia, linguagem e cultura, destacando o impacto dos códigos visuais na sociedade contemporânea, e Rafael Cardoso, historiador e crítico de design conhecido por seus estudos sobre a história do design e a cultura visual, o design não é apenas sobre criar; é sobre propor e construir soluções que conectem a arte, a técnica e o comportamento humano.
Analisaremos as origens do design, suas funções práticas, estéticas e simbólicas, e como esses elementos moldam nossa interação com produtos e serviços. Também abordaremos conceitos, metodologias e áreas do design, ressaltando sua importância na sociedade atual.
A Etimologia do Design: Onde Tudo Começa

A origem etimológica do termo "design" remonta ao latim designare, um verbo rico em significados como desenhar, idear, delinear, designar, eleger, destinar, resolver e determinar. Essa multiplicidade, como destaca Rafael Cardoso, revela a ambiguidade etimológica do termo, que carrega tanto um lado abstrato (idear, delinear, ou seja, conceber) relacionado à concepção de ideias quanto um lado concreto, (desenhar, ou seja, registrar) ligado ao ato de registrar por meio do desenho.
No inglês, "design" pode significar projeto, plano, origem, intenção, configuração, arranjo e/ou estrutura. Vilém Flusser acrescenta que o termo pode ser empregado tanto como substantivo quanto como verbo. Como substantivo, refere-se a conceitos como propósito e meta, enquanto, como verbo, envolve ações como projetar, esquematizar e proceder estrategicamente. Essa riqueza semântica aproxima o design de áreas como técnica, arte e máquina, demonstrando sua essência interdisciplinar.
No contexto brasileiro, durante os anos 1950, a palavra foi traduzida como "desenho industrial". Entretanto, a partir do final da década de 1980, o termo em inglês voltou a ser amplamente utilizado, consolidando-se como a expressão mais adotada para descrever essa prática que une criatividade, funcionalidade e estratégia.
Conceito de Design: Entre Forma e Função

O design pode ser definido como a prática que transforma ideias em soluções concretas, capazes de atender às necessidades de indivíduos ou grupos por meio de produtos industriais fabricáveis. Como destaca Bernd Löbach, teórico do design, trata-se de uma atividade que gera projetos no sentido de planos, esboços ou modelos. Rafael Cardoso complementa essa visão ao apontar que o design é, essencialmente, uma atividade voltada à criação de propostas objetivas e funcionais.
Para a World Design Organization (WDO), o design industrial é uma atividade criativa cujo propósito é determinar as características formais de objetos produzidos em escala industrial.
John Heskett, historiador e escritor de design, reforça essa visão ao caracterizar o design como uma capacidade humana fundamental, que nos permite moldar e transformar o ambiente em que vivemos. Nesse contexto, o ser humano ocupa o centro do processo, como criador de artefatos que aliam funcionalidade e estética.
Por sua natureza multidisciplinar, o design integra conhecimentos diversos, como ergonomia, estética, marketing e semiótica, permitindo ao profissional propor soluções que respondam às demandas de um mundo em constante transformação. Essa abordagem ampla e estratégica torna o design essencial para o desenvolvimento de produtos que conectem inovação, utilidade e significado.

Como falou Dieter Rams: “Um bom design é tão pouco design quanto possível”.
Essa frase captura a essência do design: simplificar o complexo, destacar o essencial e equilibrar forma e função.
Metodologia no Design: A Importância do Processo
O sucesso de um projeto de design está diretamente relacionado ao uso de metodologias eficazes. Entre as mais influentes está o Design Thinking, que organiza o processo criativo em etapas como:
Imersão: Identificação do problema e coleta de informações.
Ideação: Geração de ideias por meio de brainstorming e colaboração.
Prototipagem: Desenvolvimento de soluções tangíveis para teste.
Testes: Avaliação do impacto das soluções propostas e ajustes.
Essa abordagem centrada no ser humano valoriza a empatia e a experimentação, permitindo que os designers criem soluções inovadoras. Além do Design Thinking podemos citar outras como Double Diamond, Human-Centered Design (HCD), Lean UX.
Por aqui trabalhamos com uma metodologia própria, uma jornada estratégica e criativa, por meio de seis etapas cuidadosamente estruturadas.

Comunicar: Tudo começa com o diálogo. Escutamos, investigamos e entendemos a essência da marca, do cliente e do projeto.
Contextualizar: Nesta etapa, construímos um panorama que fundamenta todo o processo criativo.
Projetar: Com as informações claras e os objetivos bem definidos, criamos estratégias que alinham propósito, identidade e mensagem.
Criar: A partir do planejamento, damos vida às ideias. Seja por meio de design, storytelling ou outros recursos visuais e conceituais, desenvolvemos soluções criativas que comunicam de forma autêntica e marcante.
Girar: Implementamos, testamos e ajustamos as estratégias. Aqui, garantimos que a solução se conecta com o público.
Visualizar: Por fim, mensuramos os resultados e apresentamos um panorama claro de como a solução impulsiona a marca.
Essa metodologia, ao mesmo tempo criativa e estratégica, reflete nossa visão: unir emoção, identidade e resultado em cada projeto.
Áreas do Design: Diversidade e Especialização
Entendemos que design é uma atividade projetual, dedicada à concepção e ao planejamento de artefatos, produtos e serviços criados pelo ser humano. Essa prática abrange uma ampla variedade de aplicações, refletindo a diversidade de produtos existentes e as inúmeras demandas da sociedade contemporânea. Conforme Gomes Filho, as especialidades do design podem ser listadas conforme a figura a seguir.

O design se ramifica em diferentes áreas e especialidades, cada uma delas voltada para atender necessidades específicas. Essa diversidade demonstra o caráter versátil e interdisciplinar da profissão, que pode englobar desde o design de produtos e embalagens até áreas como design gráfico, de moda, de interiores, entre outras. Cada especialidade é um reflexo das múltiplas formas como o design impacta o cotidiano, oferecendo soluções criativas e funcionais para os mais variados contextos.
Design e Sociedade: Impacto e Responsabilidade
O design é mais do que uma prática criativa; ele é uma força social poderosa. Seja ao desenvolver interfaces digitais inclusivas ou ao criar embalagens sustentáveis, os designers têm a responsabilidade de considerar os impactos éticos e ambientais de suas criações.
Por exemplo, o design sustentável se tornou indispensável em um mundo que enfrenta crises climáticas. Aqui, o designer deve planejar produtos que minimizem desperdícios, utilizem materiais renováveis e incentivem práticas de consumo consciente. Além disso, o design de serviços públicos bem projetados pode garantir maior acessibilidade e equidade social, reforçando o papel transformador da profissão.
Os Limites do Design: Entre Arte, Indústria e Tecnologia
O design se situa em uma interseção fascinante entre arte, indústria e tecnologia, mas essa proximidade também gera confusões. Embora compartilhe elementos com as artes visuais e o artesanato, o design se distingue por seu foco em soluções funcionais para problemas práticos.
Enquanto a arte busca expressão individual e o artesanato preza pela produção manual, o design está intimamente ligado à produção em escala industrial, à usabilidade e à comercialização. Rafael Cardoso explica que, apesar de o design ter sido influenciado pela arte e pelo artesanato, ele se consolidou como uma prática mais racional do que subjetiva, baseada em metodologias e processos bem definidos.
Hoje, vemos uma reaproximação entre o design e as artes manuais, especialmente como forma de resgate cultural e valorização da singularidade em um mundo dominado pela produção em massa. Essa relação demonstra a maturidade do campo, que sabe incorporar elementos históricos e culturais sem perder de vista seu compromisso com a funcionalidade e a inovação.
Design Como Transformação
No centro do design está a ideia de mudança – uma prática que olha para o mundo com curiosidade, empatia e senso crítico. Ele transforma ideias em soluções e necessidades em produtos que conectam estética, funcionalidade e significado.
Um cartaz de um evento, por exemplo, não é só um conjunto de cores e formas, mas um meio de atrair pessoas, transmitir informações e, ao mesmo tempo, reforçar a identidade do evento. Da mesma forma, o design de um produto, como uma cadeira, deve equilibrar estética, conforto, durabilidade e funcionalidade.
O design é, essencialmente, sobre criar um impacto positivo no mundo ao nosso redor, seja facilitando o acesso à informação, promovendo sustentabilidade ou melhorando a qualidade de vida das pessoas. Como profissionais, temos o privilégio e a responsabilidade de moldar um futuro mais belo, funcional e inclusivo.
Neste contexto, como disse Steve Jobs: Design is not just what it looks and feels like. Design is how it works.

"Design não é apenas como algo parece ou como se sente. Design é como algo funciona."
Serviços do Estúdio Micer: Soluções Criativas e Estratégicas
Aqui no Estúdio Micer, acreditamos que o design é a conexão entre criatividade e propósito. No momento nosso trabalho abrange algumas áreas do design, como Design Gráfico, Design de Embalagens e Design de Experiência (UX).
Design de Editoração: livros, capas de livros, revistas, catálogos, cartazes, cadernos, jornais, outdoor, capas de álbums, editoração: livros, capas de livros, revistas, catálogos, cartazes, cadernos, jornais, outdoor, capas discos, entre outros;
Design de Ilustração (convencional ou digital): HQ, mapas, gráficos, infográficos, caricatura etc.;
Web Design: sites, e-books, banner digitais, aplicativos etc.;
Design de Comunicação Visual Dinâmica: vídeos, filmes, vinhetas etc.;
Design de Sinalização: placas, totens, banners etc.;
Design de Identidade visual: assinatura visual, marcas e suas aplicações (papelaria, veículo etc.);
Design de Embalagens: tipografia, rótulos, cores;
Design Promocional: cartões, folhetos, cartazes etc.
Cada um desses serviços reflete nosso compromisso em oferecer soluções que atendam às demandas de nossos clientes, inspirem e impactem positivamente o mercado. Se você busca design que une forma e funcionalidade, entre em contato conosco – será um prazer transformar suas ideias em realidade.
Destaque do Design Brasileiro

No Brasil, um dos grandes nomes do design gráfico é Alexandre Wollner (1928-2018). Amplamente reconhecido como o pai dessa área no país. Sua contribuição foi significativa para o cenário nacional, incluindo sua influência na fundação da ESDI (Escola Superior de Desenho Industrial), no Rio de Janeiro. Além disso, Wollner é autor de obras marcantes sobre o design brasileiro e um dos pioneiros na introdução da arte concreta, movimento que impactou diretamente o desenvolvimento do design gráfico no Brasil.

Nossas Reflexões

Micer Santos: Brisa, sabe o que é mais incrível em ser designer? Eu enxergo um mundo feito de formas, paletas de cores e tipografias em absolutamente tudo ao meu redor. Tudo o que existe carrega inspiração, especialmente a natureza, que é minha maior referência na hora de projetar.

Brisa Reis: Que bacana saber desse seu olhar, Micer! Pelo que conheço do seu trabalho, imagino que esse processo seja algo muito interno e profundo mesmo.

Micer Santos: Sim! Quando começo um projeto, ele se torna parte de mim, e me envolvo em todas as etapas. Gosto de mergulhar fundo no processo para que, na entrega, eu possa defender o melhor projeto possível.

Brisa Reis: Fascinante, Micer! Eu entendo pouco sobre design, mas tenho me interessado bastante desde que comecei a trabalhar aqui com você.

Micer Santos: Que legal, Brisa! Vejo o design como uma habilidade humana capaz de moldar o mundo ao nosso redor, unindo funcionalidade, forma, significado e a conexão entre pessoas. Essa perspectiva amplia nosso entendimento sobre a prática, mostrando como ela abrange desde a criação de um simples objeto do dia a dia até sistemas complexos que influenciam profundamente nossas vidas.
Design é um processo vivo, não é apenas um objeto ou um produto final sabe, é um processo vivo e dinâmico, que reflete as mudanças da sociedade, da tecnologia e das necessidades humanas. Ele está no coração da inovação e na base da cultura visual e funcional que molda nosso mundo.
Por isso, o design merece ser reconhecido não apenas como uma disciplina estética, mas como uma força transformadora que une criatividade e propósito. É um lembrete constante de que tudo o que criamos carrega significado – e que cada detalhe projetado tem o poder de fazer a diferença.
Micer Santos l Direção
Brisa Reis l Redação/Copywriter
Inspirações e fontes: CARDOSO, Rafael. Uma introdução à história do design. Editora: Blücher, 2008.
CARDOSO, Rafael. Design para um mundo complexo. Editora: Ubu Editora, 2022.
FLUSSER, Vilém. O mundo codificado. Editora: Cosac Naify, 2007.
LÖBACH, Bernd. Design industrial: bases para a configuração. Editora: Blucher, 2001.
HESKETT, John. Design. Editora: Ática, 2008.
GOMES FILHO, João. Design do Objeto: Bases Conceituais. São Paulo: Escrituras Editora, 2006.
WORLD DESIGN ORGANIZATION - WDO. Definition of industrial design. 2018. Disponível em:
wdo.org/about/definition/
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